quarta-feira, 22 de novembro de 2017


 Capitulo XXX 
O Alabama 

"Ao chegar ao Recife, Jaime Favais dirigiu-se imediatamente e sem hesitação alguma para o Hotel d’Europa, e, subindo ao primeiro andar, sentou-se a uma mesa, dispondo-se a esperar. Para entreter o tempo, mandou vir cerveja, que começou a tomar aos golinhos, e o Diário de Pernambuco, que se pôs a ler com toda atenção na parte comercial, principalmente no ponto em que anuncia a saída de vapores e navios para o sul.
 Era, com efeito, com interesse visível e extraordinário que ele se entregava a essa leitura, e quem o observasse atentamente, convencer-se-ia de que não era o simples desejo de matar o tempo ou de disfarçar a impaciência que o levava a escolher aquela distração. 
Deixemo-lo, porém, no seu posto de espera, e vamos ao encontro do Zarolho, que deixamos ao separar-se do Comendador à porta de casa. 
O Hermínio não perdera o tempo e, por um caminho mais comprido, dirigira-se também para o Hotel d’Europa. Ia apressado, porém não deixava de observar de um lado e do outro, como se procurasse vislumbrar alguma pessoa que desejasse encontrar.
Ao chegar à esquina da Rua do Cabugá e da Rua larga do Rosário, enfiou resolutamente por esta, cortou a rua estreita, entranhou-se pelo bequinho do Rosário, atravessou a Rua do Fogo em toda a sua extensão e foi sair no pátio de S. Pedro. Aí chegando, dobrou à direita e entrou pela porta de um sobrado e enfiou pelo corredor adentro, com a presteza e a resolução de quem já conhece o caminho e todos os mais recantos da casa. Ao deparar-se-lhe a escada, subiu-a de dois em dois degraus, como quem tem pressa, e chegou assim até o segundo andar. Bateu à porta de uma certa forma cabalística e ela imediatamente se abriu." 

As fotos mostram o trajeto do personagem Hermínio (foto 1) rua larga do rosário e (foto 2) rua do fogo.  Você provavelmente não sabe qual o intuito de Hermínio em passar por essas ruas ou mesmo quem é ele e como faz parte da história, então sugerimos que leia o livro 'A emparedada da Rua Nova', para saber mais sobre o cadáver que dá sentido a todo o romance acesse o Blog:  Lendas de Lori.


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A fonte de informação que gerou esse romance, com uma história que envolve o mistério de um cadáver, veio dos relatos de uma escrava da família Favais, Joana, fazendo assim com que Carneiro Vilela criasse um super romance vindo desse cadáver no Engenho Suassuna, que por se passar em Recife, na Rua Nova, acabou trazendo traços da sociedade de Recife do século XIX, inclusive menciona algumas igrejas do Recife a medida que critica o anticlericalismo , menciona festividades católicas e as igrejas ou os pátios das mesmas.

“A Emparedada da Rua Nova” foi publicada 1886 pela primeira vez  depois  republicada em folhetins  num jornal de Recife entre agosto de 1909 e janeiro de 1902, um romance da editora já mencionada por ter feito também 'As Catedrais Continuam Brancas', Cepe.

                                            Comentário de uma leitora do livro no Scooby
Ler autores nacionais, sobretudo da sua cidade, é uma experiência tão interessante e subestimada. A minuciosidade com que Carneiro Vilela descreve a cultura popular, festividades típicas, o cotidiano, preconceitos locais, formas e trejeitos do falar pernambucano em muitas das suas variações, me proporcionou não só um novo relacionamento com minha cidade, mas também me deu um panorama geral do Recife no século XIX. "A Emparedada da Rua Nova" me encantou tanto quanto os frevos de Capiba, os poemas de Bandeira e João Cabral e o manguebeat de Science. É uma oportunidade única de fundir a literatura com o que estamos habituados a ver todos os dias. Jéssica 23/03/2017

Para conhecer a concatedral de São Pedro dos Clérigos, basta acessar a publicação do dia 30 de outubro, e em breve mais postagens sobre a igreja do Rosário, história e elementos arquitetônicos. 

Referências

VILELA,CARNEIRO. A emparedada da Rua Nova. ed. 5. Recife: CEPE, 2013.  
https://www.instagram.com/janelasliterarias/


LUBRANO, Isabella. Lendo o dia. Disponivel em: <http://www.lendoodia.com.br/2014/11/sfc-emparedada-da-rua-nova-resenha.html>. Acesso em: 20 Nov. 2017.

MARIA, Adna. A emparedada da Rua Nova. Disponível em:<http://www.lerantesdemorrer.com/4o-livro-a-emparedada-da-rua-nova-carneiro-vilela/>Acesso em: 20 Nov. 2017.

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